As crianças existem e estarão em casa

Permitir home office para quem pode é lindo, fechar o comércio por duas semanas e entubar o preju é investimento, fazer rodízio e fornecer máscaras pra quem PRECISA funcionar (setores de alimentação e farmácias) é o mínimo, mas o #coronavirus  é uma oportunidade para a sociedade repensar como cuidar das nossas crianças.

As crianças estão em casa.

Os pais em homeoffice não podem largar uma criança de dois anos na frente da tevê das 9h às 17h. Os pais que não podem trabalhar de casa nem sempre podem levar as crianças para o trabalho. Nem sempre há rede de apoio, e precisamos mais do que nunca preservar nossos idosos (esquece “deixar com a avó”).

Está na hora de todo mundo que “valoriza a família” valorizar também a família dos outros. É pra reduzir jornada sem prejuízo do trabalhador. É para dar licença remunerada para quem tem filhos. Não é pra exigir que as pessoas trabalhem como se não tivessem filhos.

Quando essa pandemia acabar, quem sabe empresários e donos de negócios parem de exigir que a gente finja que as crianças não existem.

“Ah, ele está com a avó”
“Eu deixo na creche das 7h às 19h”
“Ela pega o celular e fica o dia inteiro vendo desenho, tão boazinha!”

São só duas semanas em casa. Eu sou otimista. Acredito que a gente vai conseguir repensar nosso sistema de produção e trabalho considerando que crianças existem e precisam de conexão com as famílias. Que o “horário flexível” não seja só discurso, que as visitas ao pediatra sejam prioridade, que sair no meio do expediente porque o menino teve febre não precise de negociação.

E que, num caso sério como uma pandemia, os pais possam cuidar de seus filhos.

Não é gasto, empresário.

Cuidar das nossas crianças é investimento.